Para quê esperar ?
Há momentos na nossa vida em que
temos de parar. Olhar à nossa volta. Observar tudo o que vemos, tudo o que
vimos, pensar sobre o que queremos ver. Olhar para nós, para o que somos, o que
fomos e o que queremos ser.
Há momentos em que temos mesmo de
nos sentar... chorar um pouco e perguntar porquê. Temos de gritar, ficar
revoltados, querer uma vingança da vida. Temos de nos afastar, ficar calados e sozinhos.
Só depois disto podemos crescer mais um pouco, ganhar forças mais um pouco, ganhar
coragem para outras batalhas.
É por isso que por vezes fracassamos
ou a vida nos prega uma rasteira, precisamos de saber abrandar, saber viver e
aproveitar. Tudo que é dado merece ser olhado e vivido intensamente. E na azáfama
das nossas vidas acabamos por não dar valor a nada. Queremos viver tudo, tão
intensamente e tão rápido, que perdemos de vista o mais importante. Tudo !
Quantas vezes deixas-te fugir o
amor da tua vida ?
Quantas vezes não olhas as estrelas
?
Quantas vezes não sentes o vento
fresco nas noites de verão ?
Quantas vezes não sorris nem fazes sorrir ?
Quantas vezes não choras ?
Quantas vezes não olhas pela janela
ao som da tua música favorita e deixas fluir os teus pensamentos sobre a
paisagem ?
Ama o que tens, não lamentes o que
perdeste. Sente o sol. Deixa-te molhar pela chuva ! Dança, canta, cai, levanta-te,
ri e chora ! Mas vive ! Aproveita cada dia como se fosses morrer no próximo
segundo ! Acredita que este é o cliché mais verdadeiro da vida.
Sei disso porque, nas noites em que
caminho pela rua, perdida nas estrelas e nos meus pensamentos, tenho plena
certeza que achariam que não estou em mim. Ou quando canto bem alto enquanto
caminho. Quando danço sozinha no bar. Quando riu bem alto onde não é devido.
Quando digo asneiras bem em cima do meu salto. Quando bebo um whisky à janela...
é claro que a maior parte das pessoas me acha maluca. Mas na verdade, sou apenas
eu, a viver, a ser feliz e aproveitar cada segundo de acordo com aquilo que eu
sou.
Talvez eu
perca demasiado tempo a olhar par as estrelas, talvez eu ouça demasiada música rock
e leia demasiados romances. Mas ao escrever este texto ao som de "Rose's theme
Song" (Titanic) tenho plena certeza de que cada dia que sai à rua, o vivi
intensamente. Amei e fui amada, magoei e fui magoada, chorei e fiz chorar,
sorri e fiz sorrir. Mas fui feliz e dei também felicidade. Ainda o faço... porque
a cada pessoa que entra na minha vida, gosto de mostrar que podemos ser o que
quisermos, que temos valor sendo o que queremos ser. Cada pessoa que entra sabe
que vivo intensamente, que aprecio as coisas simples da vida, como olhar para o
céu. Mas, sabem também que tudo que sou, digo, penso e faço, é de verdade.
Por isso despe-te de qualquer pele que tenhas a mais. Sente os dias, o vento, o sol, os amigos, os amores e desamores. Sente a vida, com todos os danos colaterais que ela trás. Mas sente-a e vive-a como se fosses perde-la, porque vais ! Para que esperar um suposto fim, para a começar a viver ?